quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pastor Cleiton Collins diz que apoio no 2º turno depende do conselho da igreja

Por duas vezes dono do título de candidato mais bem votado da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o pastor Cleiton Collins (PSC), recebeu, nestas eleições, 137.157 votos. Em 2006, foram 89.585 votos.O peso e a importância dessa votação que recebeu vão além de um futuro engajamento no segundo turno, seja para apoiar Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB). O crescimento da bancada evangélica no país, a forma como pretende atuar para representar este segmento e o que pensa a respeito dos boatos eleitorais foram alguns dos assuntos abordados na entrevista exclusiva concedida ao Diario de Pernambuco, nesta quarta-feira (06).

O senhor já esperava ser o mais votado nestas eleições?
Eu orava e pedia a Deus para nos dar essa oportunidade mais vez, também em torno do trabalho que nós realizamos ao longo desses oito anos de mandato, atuando na área técnica do Legislativo, no orçamento do governo, no incentivo às comunidades terapêuticas, na questão de minimizar à violência. Foi fundamental o nosso trabalho abrindo os olhos das autoridades para o mal que o crack estava fazendo. Nós conseguimos minimizar, através do nosso incentivo, a dor de muitas mães. Tudo isso foi visto. A própria imprensa mostrou esse trabalho. Incentivamos o governo, participamos da instalação do conselho estadual antidrogas. Pernambuco sempre ficava de fora das políticas públicas antidrogas porque não tinha conselho. E só pode vir algo do nacional se tiver o estadual. Em todo país, somente três estados não tinham conselhos, Pernambuco era um deles. Era complicado. O governador Eduardo Campos encarou isso aí junto com a gente com o plano de combate e prevenção e isso ajudou muito. Exatamente a visibilidade do meu mandato influenciou.

O senhor abordou de forma frequente, em seu guia eleitoral, a questão dos jovens recuperados das drogas pela fé, por que isso?
Hoje existe um movimento grande que está crescendo que é o movimento das mães contra o crack pra gente justamente forçar os governantes, as autoridades a olhar para esta questão.

De onde vieram os 137.157 votos, foram só do povo da Assembleia de Deus e dos evangélicos?
Vieram de todos os segmentos religiosos, mas principalmente evangélicos da Assembleia que eu represento aqui. Mas tive votos de católicos e de outros porque eu consegui conquistar o voto de opinião. Porque olha, hoje as pessoas têm acesso ao que a gente tá fazendo aqui via internet. Você fala uma besteira todo mundo já tá sabendo, principalmente na igreja. Se for uma coisa boa, tá todo mundo sabendo e, se for ruim, também. Como aquela história de Jaboatão, que o governador pediu para eu retirar a minha candidatura de prefeito,e todo mundo quando soube: ohh… Você lembra? E eu estava super bem nas pesquisas lá, e, assim, eu atribuí mesmo a Deus porque foi um milagre, um fenômeno.

Explique melhor este voto de opinião que o senhor disse que conquistou.
Tem aquele voto que é de apoio, por exemplo, o prefeito resolve apoiar o candidato "tal", que ninguém nem conhece, mas é o candidato do prefeito. Aí ele coloca toda a estrutura porque quer que ele seja. O voto de opinião é aquele que você conquista pelo seu trabalho, pelas suas propostas. São pessoas que acham interessante as suas propostas e vai lá e votam.

A necessidade de eleger representantes da igreja é para defender as bandeiras diante da possível legalização de questões polêmicas, como o aborto, casamento gay e liberação da maconha?
Também. É para ter esse cuidado de combater projetos que sejam infrutíferos. É justamente para ter este cuidado, uma voz ativa no parlamento para tentar de alguma forma barrar projetos que não têm nada a ver com a cultura, a saúde e a educação. Projetos que não são necessários, são inventados, como o que apareceu por aqui (na Alepe) para criar banheiros para homossexuais. Acho que isso já é uma forma de discriminação, a partir do momento que você quer estabelecer privilégios. E não pode existir isso. Eu fiz a frente parlamentar em defesa da família, que chamou atenção, com 39 assinaturas, exatamente para discutir essas questões. Acho tão irrelevante parar o parlamento para discutir banheiro para homossexual.
O aborto existe e acontece arbitrariamente ou quando tem necessidade por uma intervenção judicial. Agora, querer institucionalizar o aborto não existe. Querer profissionalizar a prostituição, quando a pessoa está lá com fome e vende o seu o próprio corpo, é uma indignidade com a sociedade, com o ser humano. São projetos de gente despreparada que não tem compromisso com o comum, que está tentando só buscar votos da aquela parcela. Isso com certeza foi um dos fatores que fez com que a igreja conseguisse eleger muita gente e um fator que levou a candidatura de Marina (Silva - PV) a ter o crescimento que teve.

Sabemos que a boataria na internet está correndo solta nesta campanha eleitoral e que muito do que atribuem a fala da presidenciável Dilma Rousseff (PT) não foi dito por ela, como o senhor analisa isso sendo também um homem público e consequentemente vulnerável a isso?
Acho uma maldade muito grande. As pessoas precisam, de alguma forma, analisar de forma concreta as posições claras de cada candidato, não ir atrás de boatos, mas de informação e do caráter dos candidatos. Não julgar, porque tem muita gente maldosa. Aqui, para Pernambuco, é importante ver o comprometimento que o candidato tem com a família e com o estado. Quem se compromete com Pernambuco? Quem é melhor para Pernambuco? Quem pode dar continuidade ao crescimento que o estado vem tendo? É preciso analisar tudo isto, é preciso calma para não espiriritualizar estas questões.

Essa questão da espiritualização é realmente muito séria, pastor, porque tivemos acesso ao folder que foi distribuído na Assembleia sobre toda essa polêmica em torno de Dilma do que ela defendia…
Eu sou contra, para mim todos os partidos são iguais. Nós perdemos vários candidatos evangélicos, homens de Deus, que perderam as eleições por causa disso. Enquanto isso, todos nós votamos em Marina que é do PV, que é um partido que defende a liberação da maconha. Aí você diz: e o PSDB? O PSDB foi o partido que bancou a marcha gay lá no governo de Serra e quanto não gastou nisso? A discussão não pode ser essa, até porque quem resolve essa questão da liberação do aborto e da maconha não é o presidente, é o parlamento. Quero então salientar que quem resolve esses temas polêmicos – se vai virar lei ou não – não é o governo federal, não é o Executivo, é o Legislativo. Nós temos que ficar de olho nos parlamentares da Assembleia Legislativa, da Câmara dos Deputados e do Senado. É aí que a população tem que está de olho em quem votou. Parece que agora se livraram porque estão todos eleitos, a bomba chiando é para à Presidencia, mas na realidade não é.

Futuros apoios para o segundo turno.
Precisamos de posições claras, não vou julgar os dois (Dilma -PT e Serra -PSDB) pelo o que está acontecendo. Vou ouvir os posicionamentos deles a respeito do comprometimento que eles têm com a família e com o estado.

Então ainda não está definido quem o senhor vai apoiar se Dilma ou Serra no segundo turno, é isso?
É como eu estou lhe dizendo, vamos ouvir o posicionamento dos dois candidatos, agora eles podem não ser convincentes, não é? Mas eu também preciso ouvir o conselho da minha igreja, já que eu a represento. Acredito que o posicionamento de Marina Silva também pode influenciar.

Quais as prioridades para este novo mandato?
Trabalhar com o orçamento do governo, lutar contra a violência e incentivar os jovens, sobretudo aqueles que foram dependente e agora buscam uma oportunidade de emprego”

Como será trabalhar ao lado do presbítero Adalto, que agora é um companheiro das duas Assembleias (a de Deus e a Legislativa)?
Ah, será muito bom. Seremos dois apóstolos.


Por Ana Luiza Machado, do Diario de Pernambuco

Fonte: Pernambuco.com

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