sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Pesquisa exalta mulher na expansão da AD

A festa já começou. Agora em 2011, a maior igreja protestante do Brasil, a Assembleia de Deus, completa 100 anos. Embalados pelo fogo do Espírito Santo, os assembleianos ajudaram a fazer do Brasil uma potência evangélica através de grandes líderes, cruzadas memoráveis e também da gente simples que compõe grande parte da membresia. Foi nas reuniões de oração, nos círculos de oração e nos bancos da Escola Bíblica Dominical que o povo da Assembleia de Deus (AD) construiu uma trajetória de magníficos serviços ao Reino de Deus.

Apesar dessa história já ter sido contada inúmeras vezes e de várias maneiras, algumas obras nos últimos anos tem trazido mais detalhes e procurado preservar a memória da denominação, como as inovadoras História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil e Dicionário do Movimento Pentecostal, da CPAD, lançados em 2004 e 2007 respectivamente. O sociólogo Gedeon Freire de Alencar, membro da Assembleia de Deus Betesda e diretor pedagógico do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos, também procurou fazer o mesmo há alguns anos, transformando sua dissertação de mestrado no livro Assembleias de Deus – Origem, implantação e militância (1911 – 1946), recém-lançado pela Arte Editorial.

Na obra, Gedeon passa a limpo o período, levanta ideias polêmicas - algumas delas rebatidas posteriormente em pesquisas posteriores de outros estudiosos da história da denominação - e faz uma análise dos primeiros anos da igreja. Segundo seu livro, o surto de crescimento da AD acompanhou o processo de desenvolvimento e fatos históricos e econômicos do país. A crise da borracha, por exemplo. Quando os seringais da Amazônia perderam terreno ante a concorrência internacional, entre os anos 1915 e 1920, mais de 200 mil trabalhadores retornaram para suas cidades de origem – muitos dos quais já convertidos ao Evangelho através do ministério da AD. E levaram consigo a fé avivada para regiões como o Nordeste, o Sul e o Sudeste, que logo viam nascer templos da denominação.

“Se considerarmos as condições de transporte e comunicação da época, bem como a perseguição católica e os preconceitos contra negros e mulheres, é um milagre de Deus a igreja ter alcançado o país em duas décadas”, diz Gedeon. O livro também destaca um ponto obscuro: a importância de Frida Vingren, mulher do pioneiro sueco Gunnar Vingren, que implantou a igreja em Belém (PA) junto com o compatriota Daniel Berg.

O que mais o surpreendeu o autor durante suas pesquisas fora a importância de Frida Vingren na estrutura da igreja. "Qual jornal no mundo, na década de 1920, tinha uma mulher como redatora chefe? Ao ler e tabular os artigos do jornal Boa semente (1919-1929), precursor do Mensageiro da Paz, percebi a presença de Frida e de outras companheiras na equipe. Convenhamos, era uma vanguarda na questão de gênero, coisa que nenhum movimento feminista teve em nenhum lugar do mundo", impressiona-se.

Para Alencar, a maior e mais evidente contribuição da Assembleia de Deus ao Evangelho no Brasil foi a renovação espiritual, típica do pentecostalismo assembleiano. Outro ponto de destaque é a valorização dos excluídos. "Em qual igreja, nas primeiras décadas do século 20, um indivíduo pobre e semiletrado poderia pregar, ler a Bíblia, cantar, dirigir um conjunto, ter oportunidades? Ainda hoje, nas regiões mais periféricas, são essas igrejas que dão nome, dignidade e valor aos excluídos. Um verdadeiro trabalho de inserção social. As Assembleias de Deus são o mais importante segmento pentecostal do país, pelo tamanho e pela contribuição que já deu", diz o historiador.

Fonte:
CPAD News

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