sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Dilma Rousseff nega despenalizar o aborto no Brasil para não perder o voto cristão

Faltando apenas algumas horas para as eleições presidenciais brasileiras, a despenalização do aborto colocou Dilma Rousseff, a candidata proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em situação de risco. Sua mudança de opinião quanto ao tema, do qual era uma firme defensora, e os casos de corrupção que teve de enfrentar recentemente, ameaçam impedir uma esmagadora vitória no primeiro turno.

Um ano atrás, a candidata do Partido dos Trabalhadores era favorável à despenalização do aborto. “É uma questão de saúde pública”, afirmou Rousseff à revista Marie Claire. “Existe uma quantidade enorme de mulheres no Brasil que morrem por abortar em circunstâncias precárias”.

Seus dois maiores adversários nas eleições, o social-democrata, José Serra, e a candidata do Partido Verde, Marina Silva, declararam-se desde o princípio contrários à despenalização do aborto por causa da forte pressão religiosa, tanto da Igreja católica como das igrejas evangélicas, que movem milhões de votos. Ambos acusaram, no dia 30 de setembro, a sua rival de haver mudado de postura por “motivos eleitorais” e acusaram-na de ter “duas caras”.

Casos de corrupção

Enquanto os últimos escândalos de corrupção fizeram Dilma perder seis milhões de votos em menos de uma semana, ainda assim, a candidata oficial conseguiu frear a sua queda nas pesquisas eleitorais e mantém uma ampla vantagem sobre os seus rivais, embora não se descarte a sua disputa num segundo turno. Se as eleições fossem hoje, Rousseff teria 47% dos votos, enquanto que José Serra obteria 28% e Marina 14%, segundo uma pesquisa divulgada ontem (30) pelo diário Folha de São Paulo. Rousseff necessita de mais de 50% dos votos para evitar o segundo turno.

Preocupado com essa possibilidade, algo que levaria Dilma a expor-se a mais um mês de campanha, Lula da Silva decidiu ajudá-la a recuperar votos com uma jogada típica de campanha eleitoral. Lula pediu à Dilma que se reunisse com os líderes de todas as confissões religiosas e que declarasse abertamente que “está contra o aborto”.

Assim o fez a candidata na quarta-feira (29); insinuou que ela nunca esteve a favor da despenalização do aborto mas mostrou-se adepta de que o Estado não abandone as mulheres que abortam em situação de perigo.

Os bispos católicos, assim como a maioria dos pastores evangélicos, pediram a seus fiéis que não votem em Dilma Rousseff por suas posições favoráveis à despenalização da interrupção da gravidez.

Fonte: http://www.overbo.com.br/portal/2010/10/01/rousseff-nega-despenalizar-o-aborto-no-brasil-para-nao-perder-o-voto-cristao/




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